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Após atendimento do Abaré em comunidades de Aveiro e Belterra, acadêmicos de medicina e professor da Faculdade São Leopoldo Mandic fazem comentários discriminatórios, no aeroporto, à população local

Weldon Luciano - 07/08/2019

Atendimento no barco-escola-hospital Abaré - Créditos: UFOPA/Divulgação/Arquivo

Acadêmicos de medicina e médicos que participaram de missão pelo Abaré estão sendo criticados nas redes sociais por suposta prática discriminatória a pacientes ribeirinhos, durante voo de volta para Campinas, sede da Faculdade São Leopoldo Mandic, instituição a qual pertencem. De acordo com testemunhas, durante o embarque no aeroporto de Santarém, os profissionais, alguns deles trajando camisas com logomarcas dos parceiros envolvidos no projeto UFOPA, Mandic e Projeto Saúde e Alegria, foram ouvidos comentando detalhes do que viram nas consultas, além de tratarem com preconceito os moradores dos locais visitados.

 

O Portal OESTADONET procurou o Projeto Saúde e Alegria que realiza oficinas de Comunicação e Educação em Saúde com jovens e escolas nas comunidades durante as ações do Abaré, porém a coordenação preferiu não se pronunciar sobre o caso. A equipe tenta o contato com para saber o posicionamento da UFOPA, quem atualmente administra o barco, fornecendo insumos náuticos que mantém o Abaré em funcionamento. A reportagem manteve contato com a assessoria da Faculdade São Leopoldo Mandic . Leia aqui a resposta.

 

O fato repercutiu na redes sociais, onde alguns passageiros chegaram a descrever parte dos absurdos ditos pela equipe. “A primeira coisa que vou fazer quando chegar em Brasília é tomar um anita pra eliminar os vermes que adquiri lá”, teria dito um rapaz. A moça ao lado dele completou: “Pra piolho também. Já estou sentindo eles”. Na fila do embarque, aparenetemente bêbado,  um professor abordou uma das alunas e falou: “Você não gostou de ficar na obstetrícia, né? Mas, também, cada b***** fedida que a gente teve que olhar”, relatou uma das testemunhas.   

 

No período de 28 de julho a 4 de agosto, comunidades ribeirinhas dos municípios de Aveiro e Belterra receberam mais de três mil atendimentos na área de saúde. O Abaré navegou com uma equipe da Faculdade São Leopoldo Mandic, instituição de ensino com atuação nas áreas de Odontologia e Medicina. Dentre professores e alunos, foram cerca de 60 pessoas, incluindo 15 médicos.

 

Através de um termo de cooperação, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) cede o Abaré para que a faculdade paulista desenvolva sua ação extensionista. Todas as despesas da viagem são custeadas pela instituição privada, incluindo combustível e alimentação, além de medicamentos, próteses dentárias e óculos para serem entregues aos comunitários em consultas.





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