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Memória de Santarém - Tecejuta

Lúcio Flávio Pinto - 11/11/2020

Créditos: Instituto Boanerges Sena - ICBS

O amigo Cristovam Sena, diretor do Instituto Cultural Boanerges Sena, instituição particular que é a mais importante fonte de informações sobre Santarém e o Baixo Amazonas, por ele criada, homenageando o pai, me mandou, hoje, este documento. É uma mensagem que meu pai, Elias Pinto, escreveu em 7 de julho de 1964, quando tinha 39 anos e não exercia qualquer função pública (fora deputado estadual pelo PTB, em 1954, e viria a ser prefeito do município, em 1966, pelo MDB).

 

Registra a chegada a Santarém do maquinário importado da Inglaterra para a Cia. de Fiação e Tecelagem de Juta de Santarém, a Tecejuta. A fábrica, a maior do interior do Pará, beneficiaria a matéria prima produzida na região, que deixaria de ser apenas fornecedora de matéria prima para ser industrializada fora do seu território.

 

Meu pai lembra que essa história começou em 1951, quando o então presidente Getúlio Vargas o convocou para uma audiência no Rio de Janeiro. Cumprira assim promessa que fizera na campanha eleitoral de 1950, da qual saiu vencedor. Depois de ouvir a saudação que meu pai lhe fez, como secretário municipal do prefeito Aderbal Caetano Correa.

 

No discurso, Elias, então com 25 anos, disse que a maior aspiração do povo era ter uma indústria para beneficiar a fibra de juta, introduzida pelos colonos japoneses. Getúlio deu um cartão a meu pai e o assinou, instruindo-o a procurá-lo na capital federal, se ele fosse eleito.

 

O presidente cumpriu a palavra. Recebeu o líder santareno (que fundaria o PTB local) ainda uma vez mais, acompanhado então pelos irmãos Kotaro e Kohei Tuji, que assumiriam a partir daí o comando da empresa. A Tecejuta se materializou, mas sua história, infelizmente, durou pouco. E tem que ser reescrita, tão poucos - e tão equivocada - tem sido a sua narrativa. Questão para outra postagem.




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