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Memória de Santarém: velho Faria ; ex-prefeito Ismael Araújo, Raimundo Pinto; velho Figueira; matriarca dos Pereira

Lúcio Flávio Pinto - 12/09/2021

Antiga Vila Faria, já demolida, na rua do Imperador, bairro da Prainha - Créditos: Arquivo/Portal OESTADONET

O “velho Faria”


No início de setembro de 1959, a doença obrigou Manoel Gomes de Faria, “chefe da conceituada firma Marques Pinto Exportações”, a viajar para o Rio de Janeiro, acompanhado da esposa, do filho e do médico assistente Waldemar Pena, dono da Clínica São Sebastião. Mas os cuidados foram infrutíferos: no dia 12, o “velho Faria”, como era conhecido, morreu na então capital federal, aos 74 anos.


Português por nascimento e brasileiro naturalizado, deixou viúva Ana Rosa da Fonseca. Tinha seis filhos: Raimundo Alberto de Faria, casado com Elza de Castro Faria; Jacirema, casada com Ernesto Chaves; Dulce (José Ávila Gomes), Joaquim (Dalmira Hennington de Faria), Honorina (Eymar da Cunha Franco) e Aldemar (Conceição Nunes de Faria).


Chegou em Belém quando tinha 13 anos, vindo de Leiria, em Portugal, onde nascera, como o pai, que morreu pouco depois. Aos 27 anos se transferiu para Santarém, dedicou-se ao comércio, comandando a Marques Pinto, Exportação S/A, uma das mais sólidas do Baixo-Amazonas, com sede em Santarém e filiais em Belém e no exterior.


Em seu obituário, O Jornal de Santarém o descreveu como “portador de uma qualidade pouco comum em homens de negócio”: “usava de franqueza absoluta com todos, o que não agradava, muitas vezes, aos de conduta pouco retilínea e servia de alicerce e amizade duradoura àqueles que com ele lidavam sinceramente”.
 

 

O alegre “Simõesinho”


 
Um enfarte fulminante encerrou a vida de Antônio Loureiro Simões, o “Simõesinho, quando ele tinha 43 anos, em 1959. Nascido em Santarém, filho de pais portugueses, foi industrial, comerciante e representante comercial, além de participar de muitas associações, entidades de classe e clube de serviço.


Era o vice-presidente do Rotary Club de Santarém quando morreu, deixando viúva (Clarisse Lazarina Seiffert Simões) e nove filhos.


Além de intensa atividade profissional, era uma pessoa alegre, simpática e cativante, o que justificava o tratamento carinhoso no diminutivo para um tipo de grande envergadura física.



O ex-prefeito Ismael Araújo


 
João Ismael Nunes de Araújo tinha uma biografia intensa e multifacetada quando morreu, em setembro de 1959, aos 52 anos, depois de atuar na sua profissão de médico e na política. Acreano, aos 16 anos se mudou para Belém, onde se formou na Faculdade de Medicina.


Aprovado em concurso da Diretoria de Saúde Pública do Estado, se transferiu em 1936 para Santarém, como chefe do posto de saúde, dedicando-se ao tratamento de hansenianos (os leprosos da época), sobretudo na região do planalto de Santarém, ocupado predominantemente por nordestinos.


A estreita relação com a população o estimulou a ingressar na política, elegendo-se deputado estadual pelo PSD (Partido Social Democrático), de cujo diretório em Santarém seria presidente. Afastou-se da política depois de romper com Magalhães Barata, que controlava com mão forte o pessedismo.


Ocupou a prefeitura de Santarém por quatro vezes, totalizando um ano e 11 meses de gestão, durante a qual construiu a garagem municipal, a reconstrução do Teatro Vitória, o calçamento da travessa Barão do Rio Branco e a instalação de água encanada. Antes disso, como presidente do Centro Recreativo, fora o responsável pela construção da sede social do clube.


Ao morrer, era médico sanitarista da Secretaria de Saúde Pública do Estado, da qual foi requisitado para trabalhar na SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia). Deixou viúva Luzemira Barreiros de Araújo, professora normalista, e dois filhos (o médico Ronaldo Barreiros de Araújo e o engenheiro civil João Luiz Barreiros de Araújo).


 
Raimundo Pinto


 
O “antigo comerciante” Raimundo Francisco Pinto morreu às 23,30 horas de 25 de outubro de 1960, na Casa de Saúde São Sebastião, vítima de uma “súbita crise cardíaca”. Era “cidadão estimado e respeitado pela sua integridade moral e rígido caráter, atributos que lhe proporcionaram um largo círculo de relações”, segundo o obituário de O Jornal de Santarém.


O cortejo fúnebre, a partir da Aldeia, teve “extraordinário acompanhamento de todas as camadas sociais”. Casado com Brígida Ribeiro Pinto. Deixou filhos: o político Elias Pinto, casado com Iraci de Faria Pinto; Erotildes Pinto Aguiar, casada com o dentista Frota Aguiar; Darcília Pinto da Costa, esposa do comerciante Sérgio Lucas da Costa; Maria de Lourdes, esposa de Elizabeto Morais Pinto, e o jovem João Ribeiro Pinto, funcionário da FAO (a agência da ONU que tinha uma representação em Santarém encarregada de atividade florestal).


 
Emanuel Gonçalves


 
Emanuel José Gonçalves morreu no dia 22 de março de 1960, aos 72 anos. Nascido na Vila de Alter do Chão, foi comerciante, adjunto de promotor, suplente de juiz, presidente da Colônia de Pescadores Z-24 e da Sociedade Artística Beneficente. Casado com Flaviana Castro, teve quatro filhos: José, artista da Rádio Tupi, do Rio de Janeiro; Carlos, operário; Carolina, enfermeira em Belterra; e Virgínia, esposa de José Maria de Abreu Matos, chefe político.


 
Os Carvalho de luto


 
Foi com grande acompanhamento, no dia 28 de junho de 1961, o enterro de Maria Branca Pamplona de Carvalho, esposa do representante comercial Jaime Pereira de Carvalho, chefe de uma estirpe santarena. O casal teve cinco filhas: Maria de Lourdes, casada com Nady Bastos Genú, professor da Escola de Agronomia do Pará; Maria da Graça, esposa de Emílio Nobre, subgerente da agência local do Banco do Brasil; Maria do Carmo, casada com Laudelino Silva, telegrafista da Panair do Brasil; e Maria da Conceição e Mariana, que moravam no Rio de Janeiro.


 
Matriarca dos Pereira


 
Em 5 de setembro de 1961 morreu a sra. Rita da Costa Pereira, viúva do comerciante João da Costa Pereira. Deixou oito filhos: Conceição Pereira de Siqueira, casada com Basílio Siqueira; José da Costa Pereira, casado com Maria Ayres Pereira; Rosa Pereira de Vasconcelos (José Santana de Vasconcelos); Maria José Pereira Campos (Simão Campos); Antônio (Miriam Kzan Pereira); Manuel (Nilza Serique Pereira); Joaquim (Vera Soares Pereira); e Joana Pereira Colares (Francisco Colares). Tinha também 33 netos e quatro bisnetos.


 
O velho Figueira


 
No primeiro dia de 1964 morreu em Santarém, aos 80 anos, o empresário Raimundo de Andrade Figueira, “um imaginoso criador de empresas, um autêntico chefe de indústria, construtor e artífice idealista de frotas e armadas de pau-ferro para os sete mares da Amazônia”, conforme o artigo que Genesino Braga fez a seu respeito no Jornal do Comércio, em Manaus.


Genesino lembra do velho Figueira, a cavalo, “em trote airoso e guapo sobre o areal da minha inesquecível Rua da Alegria, vinha do Estaleiro e ia para a Fábrica de Pólvora, pelas estradas banhadas do Irurá, ou tomava o rumo dos negócios na Casa Marques Pinto, ou buscava a missa das oito, aos domingos, para o sermão de D. Amando Bahlman, na velha Matriz da Conceição, diante do crucifixo que Von Martius a ela doara”.


Uma Santarém que, como Figueira, já não existia mais.


 
Os Campos de luto


 
Francisco de Oliveira Campos, integrante de uma das mais tradicionais famílias de Santarém, morreu em 22 de maio de 1965, aos 60 anos, em sua residência, uma das casas de maior valor histórico e arquitetônico da cidade, na rua Siqueira Campos. Tinha sete filhos.

 

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