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Memória de Santarém: Nossos deputados estaduais em 1963

Lúcio Flávio Pinto - 26/12/2021

Silvio Braga, e sua avó dona Mariquinha, em Santarém, na década de 1950 - Créditos: Arquivo/Portal OESTADONET

Como se comportariam os deputados estaduais durante o período legislativo de 1953, a meio caminho entre duas eleições gerais? A esta pergunta, sob o pseudônimo de Radar, o colunista de “Periscópio” tentou responder na Folha do Norte.


Identificou os praticantes da “oposição sistemática” ao governo do marechal Zacarias de Assunção, eleito pela coligação de partidos contrários ao general Magalhães Barata. Seriam justamente os “baratistas” João Menezes (o que mais tempo permaneceu na política), João Camargo, Líbero Luxardo e Sílvio Meira.


Um grupo mais numeroso esperava contar “com os bons ofícios do governador”. Eram os “coligados” Rui Barata, Clóvis Ferro Costa, Fernando Magalhães, Reis Ferreira, Sílvio Braga, Efraim Bentes e Francisco Maria Bordalo. Rui, já poeta e advogado, tinha o Baixo-Amazonas como uma das suas bases políticas.


Outros se manteriam neutros, “ora contra o governo e ora a favor”, dependendo dos efeitos que os atos do executivo alcançassem “no conceito popular”. Eram Cléo Bernardo, José Maria Chaves, Humberto Vasconcelos, Carlos Menezes e Wilson Amanajás. Cléo pertencia a uma das mais ilustres famílias santarena.

 

Finalmente, o bloco restante, das “marias vão com as outras”, conforme a gíria popular, que o colunista se poupava de citar. Se ele estivesse vivo para assistir ao início de mais um período legislativo, o que diria dos atuais deputados?

 

Quanto vale um deputado?

 

O marechal Alexandre Zacarias de Assunção foi eleito governador do Pará em 1950, com o compromisso de mudança “para a redenção do Estado”. Iria acabar com o despotismo do PSD “baratista”, estabelecido no poder desde 1930. Mas no final de 1953 o governo "da liberdade e da democracia" praticaria seu primeiro ato de violência ao reprimir a “marcha da fome”, com o uso também de força federal. Vários manifestantes foram presos, entre operários e estudantes, e o secretário-geral do Partido Socialista Brasileiro, Raimundo Jinkings.


Cléo Bernardo, presidente do PSB, tentou atravessar o cordão de isolamento policial para entregar ao governador um memorial “pedindo medidas contra a crise que esfomeia a população, e indicando-as concretamente”. Foi impedido pelo irmão, Sílvio Braga, e por outras pessoas, receosas de que ele acabasse sendo assassinado.


Um oficial do Exército arrancou dos ombros de Cléo a bandeira brasileira com a qual populares o haviam coberto. Sílvio Braga procurou o comandante interino da base aérea, coronel Cabral, para lhe fazer um apelo. Depois de saber do que se tratava, o oficial bradou que “deputado não vale nada”. No episódio, equivocadamente.


 




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