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Foragida, pedagoga convocou bloqueios golpistas no Pará: Indo tacar fogo

UOL - 05/12/2022

Foragida da Justiça Federal de Itaituba -

Uma pedagoga de 48 anos está há mais de uma semana foragida após ter sido apontada pela Polícia Federal, em novembro, como uma das líderes de bloqueios na BR-163, em Novo Progresso (PA), em reação à derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições, há mais de um mês. Na noite de 2 de novembro, ela gravou um vídeo incitando a população a ocupar a rodovia.

 

O local foi palco, cinco dias depois, de um confronto entre manifestantes e equipes da PRF (Polícia Rodoviária Federal), em que as viaturas deixaram o local sob tiros e lançamento de objetos. Um agente ficou ferido e uma criança precisou ser socorrida na tentativa de liberar a via.

 

No mesmo dia do conflito, a PF pediu a prisão de dez pessoas, mas quatro não foram encontradas até o momento e as outras seis foram colocadas em liberdade na última semana. O grupo é suspeito de oito crimes, como tentativa de homicídio e constrangimento ilegal a comerciantes para que aderissem ao protesto.

 

A defesa de Kummer afirma que ela não foi encontrada no dia da operação porque estava em tratamento médico em Sinop (MT). Na cidade que é reduto do agronegócio, dois caminhões foram incendiados na mesma rodovia, a BR-163, no dia 21 de novembro, por manifestantes inconformados com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 

O advogado Fernando Heleodoro Brandão, que que assina uma nota enviada ao UOL Notícias, afirma que as suspeitas contra ela "são inverídicas, e serão provadas no bojo do processo" e que ela nem sequer estava em Novo Progresso em 7 de novembro, data do conflito com a PRF.

 

Um vídeo obtido pelo UOL Notícias, no entanto, mostra a professora convocando "toda a população" a fechar a BR-163, desafiando agentes a prendê-la "se acharem que isso é vantagem". O vídeo foi gravado em 2 de novembro e divulgado no Instagram e em grupos de WhatsApp. No dia seguinte, o bloqueio começou.

 

Indo aqui ó, para a beira da BR [163], aqui em frente ao posto Rota. Tacar fogo em pneus. Convoco toda a população. E que me prendam se acharem que isso é vantagem.
 

 

O advogado Fernando Heleodoro Brandão, que assina uma nota enviada ao UOL Notícias, afirma que as suspeitas contra ela "são inverídicas, e serão provadas no bojo do processo" e que ela nem sequer estava em Novo Progresso em 7 de novembro, data do conflito com a PRF.

 

Em seguida, a professora declara abertamente que não aceita o resultado das eleições, que ela chamou de "imposição" do STF (Supremo Tribunal Federal. Ela afirma que o ato é em defesa de Bolsonaro e da liberdade de expressão.

 

Convoco a população de Novo Progresso, eu não aceito o resultado das eleições. Eu não aceito a imposição do STF. Bora defender o Bolsonaro, a nossa liberdade de expressão. Venham comigo

 

Qual foi a participação de Kummer?

 

Segundo a ordem judicial para a operação, deflagrada no último dia 24, a professora é investigada pelo crime de abolição violenta do Estado democrático de Direito, aprovado pelo Congresso no ano passado em substituição à antiga Lei de Segurança Nacional, que vigorava desde a ditadura militar.

 

O caso corre sob supervisão da Justiça Federal em Itaituba, cidade que compõe com Novo Progresso uma região impactada pelo garimpo ilegal. Nas eleições de outubro a professora declarou apoio a Bolsonaro, em perfis no Facebook e no Instagram, e também a políticos que defendem pautas dos garimpeiros na Amazônia.

 

Kummer é nascida em São José do Cedro, cidade do oeste de Santa Catarina com cerca de 12 mil habitantes, mas a família é ligada a Novo Progresso pelo menos desde 2008, quando o pai dela concorreu a vereador no município, também sem ter sido eleito.

 

A Justiça de Itaituba determinou a ela a prisão temporária, que é válida por cinco dias prorrogáveis por mais cinco. Além da convocação em Novo Progresso, a PF suspeita que ela tenha "participação interestadual" nos movimentos bolsonaristas.

 

Questionado, Brandão não comentou especificamente a suspeita de participação dos atos em outros locais, mas declarou que ela tem 25 anos de serviço público e é "pessoa de reputação ilibada, sem qualquer ato que desabone sua conduta". O UOL Notícias apura informações sobre os demais investigados pela operação.




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