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Memória de Santarém – A arte dos Fona

Lúcio Flávio Pinto - 15/01/2023

João Fona e reprodução de pinturas em cuias amazônicas - Créditos: Arquivo/Portal OESTADONET

No início da década de 1920, o adolescente João Fona teve a idéia de pintar uma cuia com motivos da paisagem amazônica, “por mero diletantismo”. Para sua surpresa, “a cuia pintada despertou a atenção de quantos a viram” e pôde vendê-la “por bom preço”. A partir daí, pintou “um número sem conta de cuias, cuja venda me proporcionava um bom lucro. Cuias pintadas por mim espalharam-se por todo o Brasil e pelo exterior”, disse a Laércio Figueiredo, repórter e editor de uma edição especial de O Jornal de Santarém. Na forma de revista, publicada em 1953, a edição se transformou numa rara (e mbora pouco informativa) fonte de referência sobre essa grande figura da arte santarena.

 


Visitado no atelier que montara em sua própria casa, João Fona disse ao jornalista que continuava a receber encomendas dos Estados Unidos e da Europa, mas agora já havia outros criadores para atender a demanda: “Embora tenha sido eu o pioneiro dessa arte, hoje ela é cultivada por várias pessoas em Santarém, muitas ensinadas por mim”.


Declarou ainda que pintava “desde que me entendo por gente”, arte que se transformou em sua profissão e lhe permitiu deixar a marca da sua múltipla criatividade e inspiração natural por toda cidade:


- Já pintei tudo na minha vida: retratos a óleo, paisagens, cenografias, trabalhos a crayons. Pinto letreiros, anúncios de propaganda, placas luminosas, vitrais de igrejas, imagens. E, à noite, ainda ‘pinto o sete’, dedilhando o meu violão, que é por mim dominado com facilidade sem que eu tenha recorrido a professores. Sou ainda desenhista técnico e sei fazer alguns modestos trabalhos de escultura.


Depois do atelier de João Fona, o repórter foi à casa de dona Raimunda (Dica) Frazão, no alto do morro do Castelo, “onde sabíamos de uma pequena indústria de fabricação de apetrechos de patichuli, penas de garça, etc.”. Lá trabalhavam meia dúzia de operárias, “que se entregavam à faina de transformar patichuli e penas de garça em vistosos leques, bolsas, sandálias, cintos”, sob o comando “de Madame Frazão”, responsável por toda criação.


O repórter foi apresentado a “leques das mais variadas cores e tonalidades, bolsas nos mais diferentes estilos, delicadas sandálias para mimosos pés femininos, maletas de viagem, cintos, bonecas de cheiro, tudo num conjunto policromo e harmonioso, num ambiente agradável em que imperava o aroma agradável e feiticeiro do patichuli”.

 

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