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Anuário da Segurança Pública aponta Santarém na rota do tráfico de drogas; Quanto às mortes violentas, houve redução de 38,07% em quatro anos no Pará

Fátima Gonçalves e redação do Portal - 21/07/2023

Créditos: Imagem ilustrativa

O município de Santarém, no oeste do Pará, aparece no Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública como sendo uma das rotas do narcotráfico na Amazônia Legal. Segundo a publicação, divulgada nesta quinta-feira(20), dos 21 municípios amazônicos que servem de rota para comércio de cocaína e outras drogas, 13 estão no Pará. Além de Santarém, despontam Vigia, Irituia, Concórdia do Pará, Barcarena, Abaetetuba, Moju, Igarapé Miri, Cametá, Marabá, Conceição do Araguaia, Redenção e Altamira. 
 

O anuário - que é uma análise dos dados fornecidos pelas secretarias de Segurança Pública - identificou mais de 20 organizações criminosas regionais e duas grandes organizações nacionais (PCC e Comando Vermelho) que disputam as principais rotas nacionais e transnacionais de narcotráfico, com destaque para a cidade de Altamira.  


Segundo o Anuário, a presença do narcotráfico, do garimpo e desmatamento ilegal transformaram a Amazônia brasileira em palco de guerras que refletem nos índices de violência letal bem superiores a média nacional. Enquanto o Brasil apresentou, em 2021, uma queda de 6,5% na taxa de mortes violentas intencionais (homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora),  na Região Norte a taxa apresentou um crescimento de 7,9%. 

 

O Anuário aponta ainda que sete cidades paraenses acima de 100 mil habitantes estão entre as 50 mais violentas do Brasil: Altamira (7º), Itaituba (15º), Marabá (26º), Paragominas (32º), Parauapebas (35º), Castanhal (45º) e Marituba (50º). 

 

E das 30 cidades brasileiras com as maiores taxas médias de mortes violentas, 10 delas estão localizadas na Amazônia, sendo sete no Pará: Jacareacanga (2º), Floresta do Araguaia (4º), Cumaru do Norte (14º), Anapu (18º), Senador José Porfírio (19°), Novo progresso (21º) e Bannach (26º). 


O anuário observa que o enfrentamento da violência na Amazônia deve priorizar o combate ao crime organizado, considerando as especificidades locais.

 

O que diz a SEGUP sobre homicídios, latrocínio e lesão corporal seguida de morte

 

Em números absolutos, no período de janeiro a junho de 2023, foram computados 981 casos de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), preservando assim 188 vidas, se comparado ao ano de 2022, que registrou 1.169 casos. Se comparado ao primeiro semestre de 2019 - primeiro ano da atual gestão -, que computou 1.584 casos, foram preservadas 603 vidas, alcançando 38,07% de redução.

 

Isso significa que, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (20), pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), por meio da Secretaria de Inteligência e Análise Criminal (Siac), investimentos em efetivo e equipamentos, ações integradas, fortalecimento e atuação dos setores de inteligência estão entre as principais ações que vêm garantindo a redução nos indicadores de criminalidade em todo o território paraense. A queda alcançou 16% de redução nos CVLI, que inclui homicídios, latrocínio e lesão corporal seguida de morte, no primeiro semestre de 2023, se comparado ao mesmo período do ano anterior.

 

Segundos os dados da Siac, de janeiro a junho de 2023 foram computados 916 homicídios, uma queda de 17,6% em relação ao mesmo período de 2022, quando houve 1.112 registros em todo o Estado.

 

De acordo com o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado, nos últimos quatro anos e meio várias estratégias e investimentos foram adotados para que o Pará alcançasse reduções significativas, com reconhecimento nacional, inclusive retirando algumas cidades paraenses do ranking de municípios mais violentos do País, como Belém e Ananindeua, que já figuraram na lista em anos anteriores.

 

"Hoje, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentou novos dados sobre a violência no País, no qual o Pará tem 13 cidades que são inclusas no estudo por possuírem mais de 100 mil habitantes. Os números divulgados incluem mortes violentas intencionais, inclusive casos que não são tipificados como crimes. Entretanto, quando se computam apenas os dados criminais, a exemplo do CVLI, os dados ratificam que o Pará apresentou o seu melhor ano em redução em 2022, como resultado das inúmeras ações que vêm sendo implementadas diariamente em todas as regiões", ressaltou Ualame Machado.

 

O titular da Segup acrescentou ainda que, "recentemente, o Pará foi reconhecido pelo Monitor da Violência como o estado que vem reduzindo a criminalidade, a exemplo do primeiro trimestre, que apresentou 14% de redução, e o Estado ficou em 5º lugar no ranking dos que mais reduziram. Após esse estudo, já fechamos o semestre com 16% de redução no CVLI também, demonstrando que seguimos com quedas gradativas. Nós reiteramos que sabemos que podemos e precisamos fazer muito mais para que essas reduções sejam ainda maiores", reiterou.

 

Segundo a lista dos sete municípios que figuram entre as cidades violentas, o Pará atesta o avanço na redução da criminalidade em todos os municípios. Dados do Fórum Brasileiro mostram que em 2019 Altamira, na região Oeste, figurou na segunda colocação no ranking com taxa de 133,7 mortes por 100 mil habitantes, caindo para a sétima colocação, e reduzindo a taxa para 70 mortes por 100 mil habitantes no ano. Outro município que tinha taxa de 100 mortes por 100 mil habitantes era Marituba, na Região Metropolitana de Belém, que em 2019 ocupou a 8ª posição, e hoje ficou na 50ª, com 40 casos na taxa de habitantes utilizada.

 

No ano de 2022, em comparação a 2021, Altamira apresentou redução de 37% nos casos de CVLI; Parauapebas teve queda de 5%; Itaituba chegou a 39%, Castanhal a 5% e Marabá, a 19%. "Vários municípios, que antes figuravam nessa lista, hoje não estão mais, a exemplo de Tucuruí, Belém e Ananindeua. Os que ainda estão apresentaram reduções significativas, demonstrando que as ações têm garantindo resultados", afirmou o titular da Segup.

 

Mais números - Outros números que apresentaram queda no primeiro semestre de 2023 estão relacionados a CVLI cometidos contra agentes de segurança pública, chegando a 52% de redução, se comparado ao mesmo período de 2022 e 2023, quando foram computados, respectivamente, 21 e 10 casos. Em relação aos crimes de morte por intervenção policial (Miae), a redução alcançou 23% em 2023, com 77 casos a menos do que no primeiro semestre de 2022. Em números absolutos foram computados 330 casos, de janeiro a junho de 2022, e 253 no primeiro semestre deste ano.

 

Belém, a capital do Estado, que já figurou entre as cidades mais violentas do País, alcançou nos últimos anos índices significativos de redução na criminalidade. Inclusive, tendo queda de 22% nos casos de CVLI somente no primeiro semestre de 2023, se comparado a 2022. Também apresentou redução nos indicadores de roubos na capital, com queda de 18%, ao registrar 9.567, se comparado também ao primeiro semestre do ano passado, quando houve 11.725.

 




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